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MERCEARIA MAGINA

MERCEARIA MAGINA

20
Abr17

Somos todos médicos

Uma miúda de 17 anos morreu com sarampo e de repente todos somos entendidos no assunto. Irrita-me este fenómeno sabichão. Todos temos algo a opinar. Todos sabemos o que é melhor para os nossos e para os outros. Todos sabemos julgar, argumentar e fundamentar as nossas opiniões de forma absolutamente brilhante. É verdade que existem maus pais mas também é verdade que existem pais que, não sendo maus, falharam. Somos humanos, erramos. Não há uma idade justa para morrer mas 17 anos parece-me uma idade que não devia ser permitido alguém perder a vida. E esta miúda perdeu. Assim como os pais perderam a sua filha, perderam parte deles, perderam o sentido de estar aqui. Não sei, nem quero saber o que é perder um filho mas imagino que seja das dores mais insuportáveis e insuperáveis que o ser humano pode sentir. Por falta de informação, por certa negligência ou por razões médicas, estes pais não vacinaram a filha quando o deviam ter feito. Mas perderam-na e para sempre. Estes pais não precisam que lhes apontem o dedo, que lhes virem as costas, que os critiquem. Não haverá nada pior do que sentir que um filho morreu por nossa culpa. Esta culpa será para sempre a cruz destes pais. Deixemos de cuspir para o ar e sejamos mais humanos.

 

18
Abr17

"Portalã"

Sempre ouvi dizer que há coisas que levam o seu tempo. Concordo. Ninguém fica com abdominais do dia para a noite, o cabelo não cresce 5cm em duas horas, o verniz das unhas demora uma eternidade a secar, etc. Sim, há coisas que levam o seu tempo. Mas bolas! Estou há mais de um mês em Madrid e ainda não consegui perder certos hábitos catalães. O mais comum é definitivamente a forma como me despeço. Seja no supermercado, seja a comprar tabaco, seja no elevador com vizinhos, sempre que me despeço saí-me um "adéuu". Meus amigos, isto somado ao meu sotaque estrangeiro leva qualquer um a olhar para mim com cara de "olha-me esta parva a gozar comigo". Está bem, foram 4 anos em Barcelona mas dizer "adiós" não é assim tão difícil. Se um dia destes lerem no Correio da Manhã "Portuguesa leva na boca em Madrid" já sabem a quem se referem. Enquanto isso não acontece vou repetindo para mim mesma "adiós, adiós, adiós, adiós, adiós, adiós, adiooooós". 

17
Abr17

Coachella

Capturar.PNG

 

Quando eu ia a festivais costumava dormir em tendas, ser picada por mosquitos, tomar banho nos chuveiros de água fria, comer conservas, vestir calças de ganga e calçar ténis. Tive a ver umas fotos do Festival Coachella e fiquei confusa. Miúdas de saltos altos? Conjuntos de roupa "total white"? Penteados elaborados e maquilhagens dignas de capa de revista? Penso que tenho que redefinir o conceito de festival. Ou eu ou eles. 

 

13
Abr17

Páscoa

Na minha família a Páscoa não é uma data que passe em branco mas também não é uma data que tenha a importância, por exemplo, do Natal. O Natal é sagrado, sim ou sim vou a casa. Na Páscoa nem por isso. Há dois anos uma amiga foi visitar-me a Barcelona, logo não fui a casa. O ano passado também foi em Barcelona. Fizemos um almoço em casa e convidámos amigos. Lembro-me que nos dias seguintes à Páscoa tínhamos um casamento e um aniversário especial, sendo que também não dava jeito ir a casa. Este ano também não vou. Estive 1 semana inteirinha em Lisboa há menos de um mês e, tendo em conta que quero lá voltar em Junho/Julho, era mal jogado ir agora pela Páscoa. Este ano vou passar a Páscoa a Cuenca. O Catalão tem lá família e parece que a coisa promete. Comida e bebida à fartazana. Tios-avós que depois de almoço cantam e tocam acordeão. Assim como quase todas as primas e respectivas filhas. É divertido e para ser sincera, até me faz recordar a minha infância. O meu pai é alentejano e na casa dos meus avós, nas noites de Natal, havia o hábito de tocar acordeão enquanto se esperava o "menino Jesus". Voltando à Páscoa...então este ano até vai ser fixe, não é? Não sei pessoal, não sei. A última vez que vi este lado da família, fizeram-me prometer que cantava um fado quando fosse a Cuenca, na Páscoa. Medo, muito medo é o que eu sinto. Faço figas para que já não se lembrem de tal promessa e que a coisa passe de fininho. Acreditem, ninguém merece ouvir-me a cantar o fado. Eles é que ainda não sabem.

 

p.s.- já agora, vocês sabem algum fado inteirinho de cor e salteado?

 

11
Abr17

Qué tal el Rayo?

Capturar.PNG

Pois é, no sábado lá fomos a Vallercas e tenho duas coisas a dizer sobre o assunto. A primeira é que foi em Vallercas onde vi pela primeira vez, alguém a apitar porque tinha o seu carro trancado por um carro da polícia. Impagável ver a cara do polícia (que estava num bar a beber uma jola) a pedir desculpas à rapariga do carro bloqueado. Eu queria filmar mas o Catalão inibiu-me de tal. A segunda coisa é que em Vallercas o pessoal é todo simpático. Desde o rapaz do bar, ao que nos vendeu as entradas, ao que nos vendeu os cachecóis, ao da claque que veio - muito educadamente - pedir que não os filmássemos fora do campo, ao polícia (outro, eles eram mais que as mães) que me deixou fazer festinhas ao cavalo que por ali estava. Bom ambiente, sim senhora. Então e o Rayo? O Rayo empatou. Mas foi roubado, sou testemunha! E este rapaz não me enganou, o estádio é mesmo uma festarola do caraças.

11
Abr17

Colchões voadores

Estava a ler esta notícia e lembrei-me que numa das minhas mudanças, desesperada por não conseguir vender a cama e face à impossibilidade de deixá-la ali, também eu tive vontade de atirar o colchão pela janela. Felizmente fui mais esperta. Consegui vendê-lo à rapariga que alugou a casa e ainda fiz 100€ com isso. 

10
Abr17

Alma Lusitana #3

Não consigo explicar as saudades que sinto do Algarve. De ir para o Algarve. Até por volta dos meus 15 anos, todos os verões íamos passar duas semanas de férias à Manta Rota. Éramos muitos. A saber: nós os quatro, avós, primos, amigos da família (que são como família) e respectiva família (avós, primos, tios). Éramos mesmo muitos e era muito giro. Guardo imensas recordações da Manta Rota e cada vez que lá volto, é impossível não sentir-me nostálgica ao recordar como era "no nosso tempo". Todos os dias era dia de comer uma bola de berlim na praia, de dar passeios infinitos à beira mar, de ir ao mercado comprar peixe e fruta. De manhã costumávamos ir comprar leite à vacaria que tínhamos ao lado de casa. "Leite fresco", diziam-me os meus pais. Perdi conta às vezes que fui picada por peixes-aranha e ia a chorar, ao colo do meu pai, até ao posto de saúde. Assim como não sei dizer quantas vezes saímos da praia ao anoitecer. Ou quantas vezes jantámos cadelinhas, apanhadas por nós próprios nessa mesma manhã. Bolas, que saudades. Lembro-me ainda das romarias que fazíamos. Estar na Manta Rota também era sinónimo de ir a Cabanas, à ilha de Tavira, à cascata, a Monto Gordo, aos Pézinhos na Areia, a Ayamonte (como não?) e a um dos sítios mais bonitos do mundo, a Cacela Velha. Estar na Manta Rota é adormecer a ouvir os grilos e ter algum ninho de andorinhas junto ao telhado de casa. Quem é desta Manta Rota sabe onde era o Stable, o Caninhas, o Nora Antiga e a Fábrica. Sabe também que não há feijão de lingueirão tão bom como o que se come nesta zona. Na zona da Manta Rota.

 

Entretanto cresci e comecei a também ir de férias com amigos. Foram vários os destinos de férias com amigos, mas Lagos entrou para sempre no meu coração. O que eu já fui feliz em Lagos! E não o digo por dizer, fui mesmo. Muitas são as histórias que tenho com a minha amiga, em Lagos, no verão dos nossos sweet eighteen. Desde então, nunca mais deixei de ir para Lagos. Já estive em Lagos no verão, na passagem de ano, na Páscoa e Lagos é sempre uma nova história para contar. Lagos nunca desilude.  As melhores praias são sem dúvida as que estão a caminho de Sagres. Poucos conhecem. Aliás, são raras as vezes que não me perco até dar com elas.  E as noites de Lagos? Eram marcadas pela típica ronda de bares com paragem obrigatória no Shaker e no Açores. Que saudades disto, destas inocentes descobertas. Se tivesse que definir Lagos com um som, escolheria o som das gaivotas. Através de Lagos conheci Sagres. Sagres e o seu farol à noite, acompanhado de uma brisa inevitavelmente fria. As suas longas estradas de terra batida que nos levam a praias quase inacessíveis e portanto, desertas. Sagres e a sua onda surfista onde, durante um jogo de matrecos, conhecemos pessoas de todo o mundo. Sagres e o seu pôr-do-sol. Adoro Sagres. 

 

Entrar no carro e rumar à ponte. Verão, calor e vidros abertos até entrar na auto-estrada. Música a tocar. Direcção A2 Sul. Poucas horas depois, à nossa direita um placar: Algarve. Abrir os vidros e deixar que aquela brisa característica se espalhe pelo carro. Cheira bem. Cheira a Algarve. Tenho saudades do Algarve.

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