"Meti-me no Meetic", disse-me uma amiga há uns dias atrás. Já tinha ouvido falar do Meetic mas nunca lhe tinha prestado muita atenção então perguntei-lhe se é igual ao Tinder. "Não, é diferente. No Meetic pagas, logo as pessoas que lá estão, procuram outras coisas. Não querem só uma "one night stand", para isso já têm o Tinder, percebes?".
Não questionando a lógica desta equação, a verdade é que a minha amiga me explicava o quão difícil é para ela, conhecer alguém interessante nos dias de hoje. Ela - pessoa que sempre conheci livre, leve e solta - contava-me que gostaria de ter uma relação, uma relação equilibrada e com alguém que tivesse determinadas características em comum com ela. Perguntou-me se estava a exagerar e se eu achava que era impossível encontrar alguém assim. Eu disse-lhe que "não, não devia ser".
E não devia, embora o seja. Não devia porque, mesmo que numa relação existam ajustes e cedências, o que ela "pedia" era uma pessoa "absolutamente normal". Ela não procura um príncipe encantado ou uma estrela de rock. Ela procura uma pessoa com certos gostos e valores em comum, que a respeite. Fácil, não é? Comentava-me ainda que é cada vez mais difícil não só encontrar "a" pessoa, como encontrar momentos que proporcionem tal acontecimento. "Quando? No caminho casa-trabalho-casa? A sair à noite? No ginásio? Amigos de amigos...começam a estar todos casados/com namorada." Pois, se calhar não é assim tão fácil.
Fiquei a pensar nisto pois tal como ela, conheço mais pessoas que procuram o mesmo. Porque será tão difícil que elas se cruzem entre elas se afinal, pessoas com gostos em comum costumam frequentar os mesmos locais, viver as mesmas experiências, estar nas mesmas situações. Será que andamos todos demasiado exigentes? Ou seremos todos uns freaks, cada qual com os seus gostos? Algo anda a falhar.