"Vamos brincar?"
Estão a ver aquela tia que no fundo é a irmã do primo do nosso tio avô? Aquela tia, que sempre conhecemos por "tia" mas não é tia coisa nenhuma, é só aquela senhora que quando somos putos, gosta de nos agarrar pelo braço e puxar-nos contra ela enquanto diz "ai estás tão grande, cá um beijinho à tia". Há umas semanas estive numa festinha de miúdos e eis que me senti essa tia. Calma que eu não tentei agrafar nenhuma criança a mim, para ser honesta estava a comer uma fatia do bolo de anos quando dei por isto: "isto no meu tempo não era assim", pensei. Os putos estavam ou entretidos a jogar com os telemóveis dos pais ou entretidos com um episódio da Peppa Pig religiosamente guardado no tablet dos pais ou, os mais crescidos, a jogar playstation (ainda tentei mas não quiseram jogar comigo, a tia). Não me interpretem mal, nada contra os gadgets, a evolução ou o estímulo desta nova geração, apenas fui arrebatada por uma estranha nostalgia. Então e os teatrinhos? O quarto escuro? Os nenucos, barbies, carrinhos e pinypons? O tragabolas, a roda da sorte e o sabichão? Podia continuar, até o dominó fez parte das minhas brincadeiras mas lá está, não quero estar aqui armada em tia-prima-avó-afastada chata. Outra coisa que eu reparei é que, aparentemente, os putos já não recebem presentes como aquele clássico fato de treino "que dá muito jeito para os fins de semana, obrigada". Isso já achei mais fixe.