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MERCEARIA MAGINA

MERCEARIA MAGINA

21
Fev17

Nós, os Emigrantes

Actualmente trabalho numa multinacional que conta aproximadamente com duas mil pessoas compreendidas entre vinte e sete nacionalidades, isto só no meu edifício. Vinte e sete nacionalidades é muita fruta. Esta foi uma das primeiras coisas que ouvi numa formação e fiquei tão surpreendida que nunca mais me esqueci desta estatística. O meu projecto tem quatro equipas: a Ibéria (onde estou), a Alemã, a Francesa e a Benelux. No elevador, nos corredores, no bar, etc. é comum ouvir línguas tão diferentes como russo ou árabe, sendo o espanhol, provavelmente o idioma menos escutado. Pelo menos enquanto falado entre nativos.

 

Em suma, neste emprego tenho conhecido muitas pessoas e maioritariamente estrangeiros que, tal como eu, são emigrantes. Penso que por diversos motivos é positivo conhecer pessoas de outros países, com outros hábitos e outras culturas mas além de ser bom, é divertido ver e comparar como é que elas se adaptam ao mesmo sítio que tu. Penso que existe uma certa coerência entre a grande maioria mas, como em tudo na vida, há excepções. Ora então, fruto de um longo convívio com Emigrantes, eu no papel de Emigrante, atrevo-me a diferenciar 7 tipos de Emigrantes:

 

  1. O Inadaptado. É aquele que refila com tudo e com nada, por tudo e por nada. É aquele que não se esforça por aprender a língua do país onde vive mas queixa-se porque no supermercado não há quem fale inglês. É aquele que não está feliz onde está mas também não quer regressar ao seu país nem sabe para onde ir. Desculpem, mas não há quem ature um Inadaptado.
  2. O Viajante. Geralmente já viveu em mais de 7 ou 8 países, fala 5 línguas fluentemente, já trabalhou tanto num gabinete de contabilidade como de nadador salvador numa praia qualquer. O Viajante tende a ser sociável, divertido, prestável e flexível mas não cria laços fortes pois, tal como hoje está aqui, amanhã pode já não estar.
  3. O Saudoso. Não é que esteja mal mas não há dia em que não se lembre do seu país e que não fique nostálgico. É bonito sim senhor mas atenção, o Saudoso aprecia estar triste, negativo e deprimido. Mesmo que lhe tentem dar um "up", não vale a pena, ele gosta de viver na nostalgia constante.
  4. O Forever in Erasmus. Já acabou o curso vai para 12 anos mas e então? Costuma estar de ressaca de quinta a segunda mas isso não o impede de às terças e quartas ir tomar uma cerveja depois do trabalho. O Forever in Erasmus tende a ser algo irresponsável quanto a horários e prazos de pagamento mas até boa pessoa. No entanto cuidado, é um bocadinho chato.
  5. O Patriota. Não interessa onde é que o Patriota vive. Pode ser num país em crise ou numa potência mundial, o Patriota faz sempre questão de comparar tudo com o seu país. Quando eu digo tudo, é tudo mesmo: o futebol, a gastronomia, o clima, a suavidade do papel higiénico, a espuma da cerveja, a qualidade das estradas, o ruído da cidade, o bilhete de metro e por aí fora. Ninguém trava um Patriota. Nem é preciso, ele não está mal nem se está a queixar, ele é mesmo assim. Quem não gosta não olha.
  6. O Curioso. Tem a energia como característica principal. O Curioso quer fazer, conhecer e experimentar tudo. Na sua agenda podemos encontrar anotações tão diversificados como: aulas de padel, escalada, brunch, parque de diversões, jogo de basquetebol, cinema, feira ao domingo, spa, prova de vinhos, aulas de mergulho, preços de botas para a neve, dia do museu, inauguração de um novo bar, etc. Haja dinheiro para acompanhar um Curioso é só o que vos digo.
  7. O Trabalhador. É-lhe indiferente alugar uma casa sem janelas e mobilada com móveis, cortinas, almofadas e napperons "da avó" desde que viva perto do trabalho. Costuma ir almoçar sozinho porque assim não perde tempo e nunca está disponível para ir beber uma cerveja depois do trabalho, pois ainda tem que ir para casa "acabar umas coisas". O Trabalhador não é muito comunicativo mas está sempre pronto para te explicar uma fórmula de excel. É portanto, um gajo porreiro.

 

Da parte que me toca, segundo o humor e a ocasião, acho que posso ser uma - chamemos-lhe - mistura emigratória. E vocês, que género de emigrante são ou pensam que seriam? Não se acanhem, ponham já a playlist do Tony Carreira a bombar, dêem asas à imaginação e acrescentemos mais exemplares à lista!

 

 

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