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MERCEARIA MAGINA

MERCEARIA MAGINA

10
Abr17

Alma Lusitana #3

Não consigo explicar as saudades que sinto do Algarve. De ir para o Algarve. Até por volta dos meus 15 anos, todos os verões íamos passar duas semanas de férias à Manta Rota. Éramos muitos. A saber: nós os quatro, avós, primos, amigos da família (que são como família) e respectiva família (avós, primos, tios). Éramos mesmo muitos e era muito giro. Guardo imensas recordações da Manta Rota e cada vez que lá volto, é impossível não sentir-me nostálgica ao recordar como era "no nosso tempo". Todos os dias era dia de comer uma bola de berlim na praia, de dar passeios infinitos à beira mar, de ir ao mercado comprar peixe e fruta. De manhã costumávamos ir comprar leite à vacaria que tínhamos ao lado de casa. "Leite fresco", diziam-me os meus pais. Perdi conta às vezes que fui picada por peixes-aranha e ia a chorar, ao colo do meu pai, até ao posto de saúde. Assim como não sei dizer quantas vezes saímos da praia ao anoitecer. Ou quantas vezes jantámos cadelinhas, apanhadas por nós próprios nessa mesma manhã. Bolas, que saudades. Lembro-me ainda das romarias que fazíamos. Estar na Manta Rota também era sinónimo de ir a Cabanas, à ilha de Tavira, à cascata, a Monto Gordo, aos Pézinhos na Areia, a Ayamonte (como não?) e a um dos sítios mais bonitos do mundo, a Cacela Velha. Estar na Manta Rota é adormecer a ouvir os grilos e ter algum ninho de andorinhas junto ao telhado de casa. Quem é desta Manta Rota sabe onde era o Stable, o Caninhas, o Nora Antiga e a Fábrica. Sabe também que não há feijão de lingueirão tão bom como o que se come nesta zona. Na zona da Manta Rota.

 

Entretanto cresci e comecei a também ir de férias com amigos. Foram vários os destinos de férias com amigos, mas Lagos entrou para sempre no meu coração. O que eu já fui feliz em Lagos! E não o digo por dizer, fui mesmo. Muitas são as histórias que tenho com a minha amiga, em Lagos, no verão dos nossos sweet eighteen. Desde então, nunca mais deixei de ir para Lagos. Já estive em Lagos no verão, na passagem de ano, na Páscoa e Lagos é sempre uma nova história para contar. Lagos nunca desilude.  As melhores praias são sem dúvida as que estão a caminho de Sagres. Poucos conhecem. Aliás, são raras as vezes que não me perco até dar com elas.  E as noites de Lagos? Eram marcadas pela típica ronda de bares com paragem obrigatória no Shaker e no Açores. Que saudades disto, destas inocentes descobertas. Se tivesse que definir Lagos com um som, escolheria o som das gaivotas. Através de Lagos conheci Sagres. Sagres e o seu farol à noite, acompanhado de uma brisa inevitavelmente fria. As suas longas estradas de terra batida que nos levam a praias quase inacessíveis e portanto, desertas. Sagres e a sua onda surfista onde, durante um jogo de matrecos, conhecemos pessoas de todo o mundo. Sagres e o seu pôr-do-sol. Adoro Sagres. 

 

Entrar no carro e rumar à ponte. Verão, calor e vidros abertos até entrar na auto-estrada. Música a tocar. Direcção A2 Sul. Poucas horas depois, à nossa direita um placar: Algarve. Abrir os vidros e deixar que aquela brisa característica se espalhe pelo carro. Cheira bem. Cheira a Algarve. Tenho saudades do Algarve.

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